quarta-feira, 29 de agosto de 2012


Suportar uma dor não é fácil para ninguém. Para quem é fibromiálgico, como eu, é mais difícil ainda, porque somos mais suscetíveis à dor e ela sempre aparece, se espalhando pelo nosso corpo, forte e constante.
Enfrentar uma crise é a pior parte, uma longa batalha que foge ao nosso controle, uma escuridão que parece não ter fim salpicada por lampejos de luz, os lampejos de esperança, em que nos agarramos com todas as forças, sem conseguir impedir o medo de que esses lampejos se esvaiam de repente e nos deixem sozinhos na completa escuridão.
A fé é o mais intenso de todos os lampejos de esperança. A fé em Deus, nos dias melhores que virão como o alvorecer após uma madrugada tempestuosa; a fé em nós mesmos, em resgatar a crença às vezes quase perdida dentro de nós de que somos capazes de ultrapassar caminhos tortuosos para encontrar propósitos que nos ajudem a seguir nosso próprio caminho.
Para isso, precisamos do apoio daqueles que amamos. Cada ser humano nasce com a perene necessidade de depender de algo que vem do outro. Todos dependemos do amor do próximo para que sejamos plenos. Não é porque não conseguimos alcançar nossos sonhos sozinhos que devemos nos sentir fracassados, pelo contrário, devemos ter consciência que todas as nosssas esperanças e expectativas não serão buracos negros e desilusões se tivermos mãos que se estendem para nos amparar e palavras que nos impulsionem a acreditar em nós mesmos e na força que adquirimos ao resistir à toda dor que nos percalça.
Não queremos pena, precimos de compaixão. Precisamos da retribuição dos gestos de solidariedade que já oferecemos, de demonstrações de busca pela compreensão do que nos afeta. Precisamos nos unir uns aos outros, enxergar e abrir os olhos dos outros para a verdade de que cada um de nós é uma peça no grande conjunto da existência. E, enfim, juntos valoriazarmos cada momento da vida, deixarmos a vontade nos dominar quando tudo que queremos é pular, cantar, dançar e rir de alegria até perder o fôlego, girar com uma criança até quase perder o equilíbrio, extravasar nosos nossos sentimentos, se emocionar diante das verdades mais simples, sentir o sopro da liberdade vir com a brisa que bate no rosto, sorrir contemplando o azul do céu ao lembrar do que acabamos de vivenciar ou que vivenciamos há bastante tempo sem se importar com o cansaço físico diante da felicidade que nos preenche. 
É maravilhoso simplesmente respirar fundo o ar puro e perceber que a perseverança faz efeito, que, apesar de todo o sofrimento, ao nosso redor há coisas boas pelas quais vale a pena lutar. Afinal, nos dar conta de que impulsos dolorosos sempre poderão vir a se irradiar pelo nosso corpo não impede que encontremos a cura para as feridas que a dor causou à nossa alma.







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